Guia da Vigilância Sanitária para o transporte de sangue e componentes

Posted by: fulltimelogistica Comentários: 0

Diversos são os hemocentros e instituições que realizam serviços de coleta e manuseio de sangue e, com a finalidade de garantir a segurança perante os riscos biológicos existentes ao longo da fase de deslocamento, foi criado pela Anvisa o Manual de Vigilância Sanitária para o Transporte de Sangue e Componentes, tendo em vista ser uma atividade crítica quando falamos dos serviços de saúde.

Além disso, o transporte é uma etapa bastante relevante que compõem o ciclo do sangue e, considerando toda a atenção e cuidados necessários, a norma veio para proporcionar orientações práticas, assegurando um processo preciso e de qualidade.

Pensando nisso, elaboramos este conteúdo para esclarecer as dúvidas mais frequentes relacionadas à elaboração desse documento. Confira!

Quais são as normas e regulamentos sobre transporte de sangue?

As normas e regulamentos em relação ao transporte de sangue usou como base a RDC 20/2014, criada com a finalidade de regular as atividades de transporte de material biológico sob a visão da vigilância sanitária, Portaria Conjunta Ministério da Saúde (MS)/Anvisa 370/2014, que versa de forma exclusiva do transporte de sangue e componentes para fins terapêuticos e demais regras.

O principal intuito dessas normas é promover a segurança diante dos riscos biológicos no decorrer do processo de transporte e, dessa forma, assegurar que a sociedade e trabalhadores envolvidos se mantenham protegidos da exposição proveniente de qualquer agente infeccioso presente na carga transportada.

 A quem o manual é aplicado?

As orientações previstas no Manual de Vigilância Sanitária para o Transporte de Sangue e Componentes se aplica ao deslocamento, destinatário e demais pessoas englobadas no processo de transporte. Também, a norma vai colaborar para que os contratados do sistema Nacional de Vigilância Sanitária possam se direcionar por meio de mais um documento técnico que os ajudem a executar suas funções considerando risco sanitário.

Quais são os principais riscos iminentes nesse tipo de transporte?

Devido aos riscos iminentes existentes, o transporte é um dos aspectos mais preocupantes quando falamos do controle no ciclo de sangue. Isso ocorre pelo fato de que falhas nesse processo como modificações na temperatura, tempo de transporte e demais problemas.

Isso pode gerar erros na análise laboratorial, contaminação, deterioração, ou perdas de produtos biológicos e qualidade, impactando de maneira negativa na terapia do paciente.

Outra questão relevante é que quando falamos do material biológico, é importante levar em consideração o risco de infecção dos profissionais, as chances de contato com pessoas no decorrer do trânsito e contaminação do ambiente em casos de problemas com o veículo.

Quais são os principais fundamentos do transporte de sangue?

Como já foi dito, o Manual de Vigilância Sanitária usou como base algumas práticas efetivas de transporte. O intuito é recomendar as empresas de coleta e transporte sobre o cumprimento das imposições contidas nas resoluções e normas que ditam o segmento. Entre os principais fundamentos podemos apontar:

  • busca pela estabilidade e integridade do material biológico a ser transportado;
  • minimização dos riscos de exposição a agentes infecciosos devido ao mau estado de acondicionamento ao longo do transporte.

Por meio desses fundamentos, o documento aponta quais são as práticas adequadas para evitar erros nos procedimentos, como mudanças de temperatura e no período especificado. Também sobre os problemas que podem provocar falhas na triagem estão a deterioração e contaminação do sangue, redução da qualidade, entre outros pontos que atrapalham de forma considerável o tratamento do paciente.

Outro aspecto abordado está ligado aos riscos de infecção da equipe responsável por manipular o material biológico, bem como possíveis contato com demais indivíduos ao longo do percurso e avarias e danificação das bolsas de fluídos.

Como funciona o ciclo do sangue?

Esse processo começa por meio da coleta que pode acontecer nos bancos de sangue, hemocentros ou estabelecimentos desenvolvidos para a realização de coletas externas. Entre as maneiras existentes de armazenar o sangue coletado podemos apontar as bolsas plásticas com sistema de vedação estéril ou os tubos de amostra.

Em relação ao sangue coletado e acondicionado em bolsas, o transporte é feito até a unidade laboratorial onde deve ser executado o processamento de hemocomponentes. Em seguida, o fluído armazenado deverá ser etiquetado e enviado para a realização da estocagem, distribuição para os estabelecimentos de saúde e, então, administrado ao paciente.

No caso dos tubos, estes são direcionados para a unidade de saúde para averiguação e triagem dos doadores. Então os testes são aplicados para especificarem e qualificarem o sangue. Normalmente, esse é o procedimento aplicado em uma primeira doação para verificar a existência de microorganismos infecciosos e manter a segurança da pessoa que vai receber o material.

No entanto, nos dois casos, a fase de transporte até as instituições de saúde precisa garantir a integridade do material, tendo em vista que qualquer interferência deve ser evitada, assegurando a qualidade pré-análise.

Um dos aspectos de maior relevância quando falamos de práticas aplicáveis no transporte do sangue é o controle e acompanhamento da temperatura, levando em conta que ao ser coletado, a temperatura corporal fica em torno 36,5°C e 37°C. Porém, para preservar as propriedades biológicas essenciais é preciso a aplicação de medidas técnicas de resfriamento.

Dessa forma, a preservação da temperatura deve ser monitorada rigorosamente na cadeia do frio completa do sangue. Afinal, se acontecer a falha dessa cadeia, e o material ser transportado ou armazenado por muito tempo fora da temperatura adequada, os atributos terapêuticos são perdidos.

O manuseio também deve ser lembrado nesse processo, considerando os riscos que abarcam esse tipo de fluído biológico, por este motivo, é indispensável que os colaboradores façam uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), bem como equipamentos EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva).

Quais medidas de transporte devem ser adotadas?

O manual apresenta um conjunto de boas práticas que devem ser adotadas durante o transporte de sangue. Entenda a seguir um pouco mais sobre elas.

Biossegurança e treinamento

A biossegurança se trata de um conjunto de procedimentos que englobam técnicas, métodos e equipamentos aplicados com o objetivo de reduzir os riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, prestação de serviços e desenvolvimento tecnológico, que podem afetar a saúde das pessoas, animais, meio ambiente ou a qualidade das funções desenvolvidas.

A atividade de transporte de sangue e componentes é constituído de várias etapas que envolvem riscos específicos e precisam de um apropriado gerenciamento. Os funcionários envolvidos devem ter à disposição equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva, conforme os riscos encontrados no decorrer das tarefas de manipulação do material biológico.

Em casos habituais, durante o transporte, a manipulação do sangue ocorre no processo de acondicionamento no serviço de hemoterapia ou outro serviço de saúde, onde os profissionais se encontram em um risco maior. Além disso, as pessoas que atuam sob risco de exposição direta aos fluídos devem ser vacinados, conforme as normas vigentes de saúde do trabalhador.

Já no trânsito de material acondicionado em sistemas de embalagens o risco é bem menor, levando em consideração que o pessoal não tem contato direto, a não ser em situações inesperadas, como avarias, acidentes, derramamento, entre outros.

Sendo assim, os times que realizam a tarefa de transporte precisam ser treinados para o desenvolvimento correto da norma. Assim, o processo engloba não somente o percurso do sangue, como também sua embalagem, rotulagem e devida documentação.

Além disso, o time deve ser preparado e capacitado para fatos como acidentes, vazamentos e demais complicações que gerem a exposição ao agente infeccioso. Caso isso aconteça, o responsável deve proceder da seguinte maneira:

  • evitar o manuseio dos volumes ou, caso preciso, manipulá-los o tempo menor possível;
  • realizar a inspeção integral dos materiais e reservar aqueles que tenham tido chances de serem contaminados;
  • entrar em contato imediato com autoridade competente do lugar para comunicar sobre o acidente e eventual contaminação de indivíduos no decorrer da rota. Nessa situação, os agentes da segurança pública podem ser requisitados;
  • requerer dados técnico-sanitários com a vigilância sanitária e vigilância epidemiológica em relação sobre como agir com certos materiais biológicos que apresentem agentes infecciosos de risco elevado;
  • notificar o expedidor e o destinatário envolvidos no processo.

Todas as falhas ou incoerências identificadas nos rótulos e documentos referentes aos produtos que forem encontrados devem ser imediatamente comunicadas ao remetente ou destinatário. Essa prática é importante para a implementação de ações corretivas.

Outro aspecto está ligado a atenção com a saúde e integridade física do time que trabalha sob a exposição direta ao material biológico, que também compõem medidas de biossegurança. Por isso, todos devem ser imunizados, de acordo com os regulamentos de saúde do trabalhador.

Em relação às práticas de higienização dos veículos e caixas de transporte, a orientação é de que sejam usados apenas produtos saneantes e desinfetantes regulamentados e indicados pela Anvisa. Os processos de limpeza precisam ser adaptados às instruções do fabricante dos produtos aplicados.

Classificação de risco

Nesse requisito, é necessário respeitar a classificação de riscos de materiais biológicos, obedecendo recomendação da OMS. Desse jeito, o sangue integra os produtos de Classe 6, Divisão 6.2, que abrangem substâncias infecciosas. Nessa classificação, estão separados os grupos A e B.

Também, existem os materiais biológicos humanos que não se encaixam na classificação de risco, tendo em vista que não apresentam microorganismos infecciosos ou passaram por processos de esterilização.

Estes são estipulados para o transporte com o entendimento materiais biológicos isentos, por exemplo: tecidos, células, células de sangue e componentes direcionados para transfusão e órgãos para transplante.

Conservação, embalagem e rotulagem

Os elementos que integram as circunstâncias de acondicionamento e rotulagem do sangue são estabelecidos de acordo com a classificação de risco. Então, o manual aponta de forma detalhada todas as orientações e dados que precisam estar presentes no rótulo.

Em relação a categoria A, por exemplo, não é preciso inserir as nomenclaturas técnicas nas embalagens externas. No entanto, o manual direciona aos transportadores que peçam aos órgãos reguladores como Anac, ANTT, entre outros, especificações minuciosas para a conservação correta dos produtos.

Licenciamento sanitário

Como apresentado anteriormente, o transporte de sangue e componentes é parte integrante e muito importante do ciclo do sangue. De acordo com a Lei do Sangue (Lei 10.205/2001) e a Lei do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (Lei 9.782/1999), esse tipo de material biológico e seus componentes constituem objeto da vigilância sanitária, e todos os processos hemoterápicos precisam ser autorizados pelo órgão sanitário competente.

O transporte de amostras biológicas e bolsas de sangue total e hemocomponentes integra o rol de atividades exercidas pelo serviço de hemoterapia, tanto em relação ao envio das amostras de doadores para triagem laboratorial, bem como na disponibilização de produtos terapêuticos para transfusão e de materiais de partida para produção industrial.

Todas as atividades de hemoterapia precisam adquirir alvará e licenciamento sanitário atualizado e expedido pelo órgão de vigilância sanitária competente, por meio da avaliação e estruturas dos procedimentos aplicados no serviço, além de transporte (acondicionamento, trânsito e recebimento), levando em conta as determinações da RDC 34/2014.Também precisam ser observadas as normas sanitárias estaduais e municipais complementares as federais.

Como escolher a transportadora mais adequada?

Em relação ao transportador, pode ser uma pessoa ou instituição que realiza o transporte de sangue e componentes originários de um remetente para um destinatário específico. Entre os principais pontos a serem observados estão:

  • os profissionais envolvidos em todo o processo devem estar qualificados e sob supervisão técnica;
  • todas as atividades devem ser padronizadas e apontadas em procedimentos operacionais padrão e demais documentos criados para assegurar a qualidade;
  • os processos considerados críticos devem ser registrados;
  • os equipamentos usados precisam estar qualificados para utilização, e se necessário, calibrados;
  • a logística de transporte deve apresentar circuitos ou fluxos predefinidos;
  • a atividade de transporte precisa estar devidamente validada;
  • depois da validação devem acontecer avaliações periódicas, ações preventivas e corretivas ao processo;
  • os prestadores de serviços externos devem ser qualificados.

Além disso, é preciso verificar:

  • a infraestrutura, conhecimento e realização de treinamento da equipe para atender os requisitos sanitários e técnicos presentes nas normas vigentes;
  • se os profissionais são habilitados para desenvolver as tarefas de acondicionamento;
  • se a empresa se encontra regularizada junto ao órgão de vigilância sanitária local, com o devido Licenciamento Sanitário;
  • condições de transporte, distribuição e armazenagem oferecidas, entre outros.

Como pôde perceber, o Manual de Vigilância Sanitária para o Transporte de Sangue e Componentes, desenvolvidos pela Anvisa, exerce um papel relevante em um dos principais pontos críticos relacionados ao ciclo do sangue. Para o seu devido cumprimento, o ideal é contar com um parceiro qualificado e que se enquadre em todos os requisitos estabelecidos, como a Full Time Logística.

Quer conhecer melhor em como podemos ajudar nesse processo da melhor forma por meio de nossas soluções? Então, entre em contato agora mesmo!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishFrenchPortugueseSpanish
×