Diversos são os riscos presentes dentro do laboratório de amostras biológicas. Para combatê-los e evitar seus impactos nos colaboradores, na sociedade e no meio ambiente, é necessário entender os níveis de biossegurança e as práticas a serem aplicadas para minimizar eventuais danos.
A biossegurança trata do conjunto de ações empregadas com a finalidade de prevenir riscos ligados aos exercícios das atividades realizadas no laboratório e que possam afetar a saúde e a integridade física dos indivíduos. Para identificar quais são as melhores estratégias de prevenção, é levado em conta o grau de letalidade gerado por cada risco.
Pensando nisso, elaboramos este conteúdo para mostrar quais são os níveis de biossegurança e as medidas que envolvem cada um deles. Confira!
Qual a importância dos níveis de biossegurança?
Ao conhecer os níveis de biossegurança, fica mais fácil entender as melhores práticas a serem aplicadas e, dessa forma, proteger as pessoas e o meio ambiente de forma efetiva, além de assegurar uma prestação de serviço de qualidade.
Para isso, é importante mapear as áreas de riscos para identificar os perigos ali existentes, elaborar um bom plano com as condutas que serão executadas para minimizar os eventuais problemas encontrados, limitar os setores e proporcionar um treinamento adequado para a equipe.
Quais são os níveis de biossegurança existentes?
Existem 4 níveis de biossegurança nos laboratórios de análises clínicas, cada um com suas características e estratégias de prevenção específicas. Entenda melhor sobre eles.
Nível 1
É aplicado nos laboratórios que manipulam microrganismos de classe de risco 1, que são aqueles que apresentam baixa probabilidade de provocar doenças em humanos ou animais.
Nesse caso, as práticas mais adequadas estão ligadas a um bom planejamento espacial e funcional, práticas elaborais eficientes, treinamento dos integrantes da equipe sobre os procedimentos específicos da atividade exercida e a supervisão de um profissional com conhecimento em biossegurança. As recomendações para a prevenção dos riscos desse nível são:
- manter alimentos fora da área de trabalho;
- lavar as mãos de forma adequada;
- usar recursos mecânicos para realizar a pipetagem, sendo proibido realizar o processo pela boca;
- evitar o uso de calçados abertos;
- manter kits de primeiros socorros dentro da área;
- não utilizar acessórios como relógios e pulseiras ao longo dos exercícios das atividades laboratoriais;
- desenvolver um programa efetivo de controle de roedores e insetos;
- fazer a desinfecção das superfícies de trabalho no final do seu uso ou quando tiver qualquer tipo de contato direto com materiais que possam gerar riscos.
Nível 2
O nível 2 se aplica aos laboratórios que manipulam microrganismos da classe de risco 2, que são aqueles que podem levar à infecção, mas com possibilidade de tratamento simples e eficaz, com níveis primários de diagnóstico. Dessa forma, representa um risco individual moderado para os colaboradores e baixo para os demais indivíduos da comunidade.
Diante desse nível, o mais adequado é implementar boas medidas e contar com o uso de barreiras físicas primárias e secundárias, como EPIs (máscaras, luvas, aventais de proteção), estruturação do laboratório, cabine de segurança (quando a manipulação dos agentes provocar vazamento ou aerossóis de materiais infecciosos) e demais. Além disso, é possível adotar no laboratório:
- avisos em relação ao risco biológico;
- políticas de acesso limitado;
- ações focadas na precaução para objetos perfurocortantes;
- manual de biossegurança que verse sobre qualquer tipo de descontaminação de dejetos.
Nível 3
O nível 3 é direcionado aos laboratórios que manuseiam micro-organismos do grau de risco 3 ou altas concentrações de agentes da classe de risco 2, que podem ser potencialmente fatais, além de apresentar risco individual elevado e risco baixo para a comunidade.
Os itens de segurança aplicados nesse nível são bem parecidos com os do nível 2. Por exemplo, a utilização das cabines de segurança nas manipulações de micro-organismos abertas, controle rigoroso das operações realizadas, treinamento específico em relação às atividades de segurança para o pessoal técnico, inspeção e manutenção dos equipamentos e instalações, além de:
- separação física dos corredores de acesso;
- ar de exaustão que não seja recirculado,;
- portas duplas com fechamento automático;
- manter o acesso rigorosamente controlado;
- coletar e armazenar amostras sorológicas de cada profissional que fique exposto ao risco para serem utilizadas como referência;
- fazer a desinfecção de todo o dejeto, bem como das roupas usadas no laboratório antes de ser lavada.
Nível 4
Nesse nível, o laboratório manipula micro-organismos de grau de risco 4, onde os funcionários estão expostos a agentes altamente patogênicos, que se propagam com facilidade e não estão suscetíveis a medidas profiláticas ou terapêuticas, o que gera um alto risco tanto individual quanto para a comunidade e o meio ambiente.
Dessa forma, além de reunir as condições dos níveis anteriores, deve-se contar com barreiras de contenções, procedimentos especiais de segurança, instalações e demais equipamentos de proteção. Todos os procedimentos precisam ser executados dentro de cabine de classe I, II ou III, como o uso do macacão de pressão positiva com suprimento de ar.
No que se refere às instalações, é preciso seguir os aspectos recomendados do nível. Tendo em vista que o edifício ou o setor do laboratório sejam isolados, os sistemas de abastecimento devem ser desenvolvidos a vácuo e contar com um sistema de contaminação eficaz. Outros pontos que também devem ser observados nesse processo dizem respeito à mudança de roupa antes de entrar no setor e à descontaminação de todo o material na saída do laboratório.
Atentar aos níveis de biossegurança e às práticas adequadas a cada um deles é muito importante para prezar pela segurança nos laboratórios de amostras biológicas, por meio da identificação dos riscos inerentes e a elaboração de um bom plano para minimizá-los e evitá-los.
Apesar dos desafios, trata-se de uma atividade necessária para garantir a integridade física dos colaboradores, dos pacientes, da sociedade e do meio ambiente. Por esse motivo, é preciso estar sempre atento para cumprir todas as medidas corretamente.
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